quarta-feira, 27 de junho de 2012

Ministro do TSE pede vista e adia decisão sobre contas reprovadas


O ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Dias Toffoli pediu vista ao pedido de reconsideração feito por 14 partidos contra uma decisão tomada em março deste ano que proibia a participação de candidatos com contas eleitorais reprovadas na próxima eleição.
Toffoli prometeu levar o voto até sexta-feira, prazo final para que a decisão seja válida no pleito de outubro.
Quando pediu vista, o placar estava empatado em três a três. A previsão dos partidos é que 20 mil pessoas poderão ser impedidas de participar da eleição se a decisão de março do TSE for mantida.
Em abril, Toffoli pediu vista de um processo em que a situação do PSD seria definida no TSE.
Na semana passada, o ministro pediu adiamento da definição do caso no TSE com o objetivo de levar a questão para ser decidida no STF.
No TSE, o placar era de dois votos a favor do PSD e um contrário. Ao todo, sete ministros iriam votar. No STF, onze podem votar.
Após disputar uma eleição, todo candidato tem obrigação de apresentar uma prestação de contas dos recursos arrecadados e gastos nas campanhas. Essas contas podem ser aprovadas ou reprovadas pelos tribunais eleitorais.
Segundo Renato Galuppo, advogado do PPS, um dos partidos que pediu a reconsideração, a lei eleitoral diz que a apresentação das contas é suficiente para tornar o candidato quite com a Justiça Eleitoral. Segundo ele, a resolução de março foi contra a lei eleitoral, o que não é permitido.
Para Galuppo, na maioria dos casos as prestações de contas são reprovadas por detalhes contábeis porque candidatos de cidades pequenas não têm recursos para pagar os advogados. Segundo ele, as pessoas que cometeram irregularidades graves, como caixa 2, estariam abarcadas pela lei da Ficha Limpa.
"Quem comete crime de caixa 2 perde o mandato e não pode disputar eleição. Defendemos a ficha limpa, mas nesse caso não se separa o joio do trigo", afirmou Gallupo.
A resolução de março foi aprovada por 4 votos a 3. O pedido de reconsideração foi relatado pela ministra Nancy Andrighi, que havia votado a favor resolução anterior.
Para ela, os políticos que não têm as contas aprovadas devem sofrer a mesma punição dos que não apresentam as contas, ou seja, ficar inelegível até o fim da legislatura que disputou.
"Todas as situações de irregularidades na prestação de contas terão a mesma consequência ao candidato [ficar inelegível]", disse Andrighi.
Os ministros Marco Aurélio Mello e Cármem Lúcia, a presidente do tribunal, votaram com a relatora mantendo o entendimento de março.
"Penso que amanhã a Justiça Eleitoral será excomungada pela opinião pública [se mudarmos a resolução]. O tribunal está considerando o certo por errado", disse o ministro Marco Aurélio, antes de Toffoli pedir vista.
O placar estava empatado porque o ministro Ricardo Lewandowski, que em março havia votado contra a liberação para disputar a eleição de quem teve contas reprovadas, estava ausente e foi substituído pelo ministro Henrique Neves da Silva.
Ele votou com os ministros Arnaldo Versiani e Gilson Dipp pela permissão de que quem não teve prestação de contas aprovadas possa participar do pleito de outubro.
"Essa resolução é um equívoco", afirmou o ministro Dipp durante seu voto.

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